Desbravando novas Trilhas
- 24 de jul. de 2024
- 6 min de leitura
Atualizado: 6 de ago. de 2024
Atividades de aventura são sempre desafiadoras. Sem querer me elevar para categoria de super homem, nem me deixar dominar por falsa modéstia, posso garantir que o desafio que enfrentamos no final de semana (20 e 21/07/2024), não foi para amadores. Explorar novos lugares, adentrar territórios totalmente desconhecidos, algumas vezes seguindo por trilhas relativamente batidas, outras vezes, desbravando a mata ou a capoeira, apenas pela curiosidade que o lugar despertou na mente aventureira. Perder a noção, momentaneamente, do tempo e do espaço, sendo levado a uma desorientação geográfica quase total. Mas, em meio a esses desafios impostos pela natureza, e apesar deles, poder parar e contemplar as belezas do céu e da terra. oportunidade ímpar de filosofar com o companheiro de jornada, momento de ensinar e aprender. Foi assim nosso final de semana!
Douglas, Simone e Eu já havíamos percorrido parte desse percursos, em duas oportunidades distintas. Havíamos chegado nas cavernas Areão e Cogumelos, mas não chegamos a explorá-las. Desta vez, a ideia era explorar as duas cavernas e seguir em frente, a fim de localizar mais algumas cavidades. Na prática a teoria muda! assim foi o que aconteceu. Sábado (dia 20/07/2024), bem cedinho, logo que o sol mostrou a cara, me preparei para enfrentar a estrada. Porém, aos poucos, uma densa neblina foi tomando conta de tudo. Achei ruim para pilotar a moto naquelas condições, então aguardei. Por sorte, logo a visibilidade melhorou. Com isso houve um atraso para começar o percurso. Iniciamos na trilha quase dez horas da manhã. Temperatura agradabilíssima, mas nossas mochilas com excesso de peso, avisaram, que não seria tão fácil subir aqueles aclives íngremes que nos aguardavam. Seguimos em marcha lenta!
Com a carga pesada; seguimos por trilhas já conhecidas, até a caverna Areão. Exploramos parcialmente essa caverna; pois o rio passa dentro dela, não era muito aconselhável nos molharmos, devido à friagem do dia. Em outra ocasião; mais próximo do verão, voltaremos lá para completar a exploração. Nos dirigimos então para a caverna Cogumelos. A ideia era explorá-la também; porém, com o atraso na saída e o ritmo muito lento; devido ao peso das mochilas, resolvemos deixá-la de lado. Seguimos adiante, a fim de armar um bivaque; almoçar e, depois, localizar mais algumas cavernas da região. Foi aí que as surpresas começaram!
Armamos o bivaque, no meio do mato. Um ponto de encontro de dois Córregos, cujos nomes ainda não identificamos. Parecia que estávamos no meio da selva amazônica e não em Florianópolis. Neste momento; não sabíamos exatamente onde estávamos. Julgamos que fosse num flanco do Morro da Praia Comprida, Pois tínhamos uma imagem do Google Earth onde, nitidamente, em letras grandes, aparecia este nome. Posteriormente; com a ajuda do amigo Hélio Carvalho, descobrimos onde estávamos. Consultando um mapa atualizado da região; descobrimos que aquele córrego, onde estávamos acampados, fazia a divisão dos morros. No lado daquele riacho, onde armamos o bivaque, era "Morro Ribeirão das Pedras", no outro lado "Morro da Praia comprida".

Deixamos tudo pronto no bivaque! Fizemos um lanche frugal e seguimos em frente. Conferimos no GPS; a caverna "Platô" estava bem próxima. Resolvemos então fazer uma abordagem. O lugar é um tanto sinistro; um talvegue perigoso e cheio de armadilhas! principalmente por conta do terreno muito molhado. Ainda que, neste momento, não carregássemos mochilas pesadas; o desafio agora ficava por conta do terreno difícil: Pedras lisas; buracos profundos; vegetação cortante e espinhenta. Pelo avançado da hora, resolvemos abortar aquela missão, embora estivéssemos em cima da marcação feita no GPS, não conseguimos localizar uma entrada sequer. Deixamos de lado a exploração da Platô, fomos adiante, a fim de acessar uma área desprovida de árvores; previamente estudada no Google Earth. Quando chegamos naquele lugar ficamos impressionados. Tratava-se de um enorme círculo; semelhante a uma cratera. Totalmente desprovido se árvores. Solo coberto por uma espécie de gramínea; um capoeirão tomou conta daquele circulo, mantendo quase escondida, aquela grama tão densa. Ao redor apenas morros! Estávamos completamente isolados; no meio daquelas elevações. Fato esse que ressaltava a impressão, de que estávamos numa cratera. Trilhamos obedecendo algumas marcações com fitas lilás; amarradas em "pés de vassouras". Não sei se aquelas marcações da trilha foram feitas por espeleólogos, por biólogos, trilheiros comuns, ou por seguidores de algum tipo de seita, pois eram exageradas as quantidades de marcas; muitas vezes, em um raio de pouco mais de um metro, existiam três; quatro; cinco fitas. Algumas no alto dos galhos dos pés de vassoura, outras no chão. Seguimos até uma bifurcação, abandonando aquelas marcas. Preferimos seguir o rumo que, teoricamente, nos levaria até a caverna "Cabanas". Agora não existiam mais fitas, tivemos que apelar para o facão, a fim de abrir picada em meio aquele vassoural. De repente nos deparamos com uma formação granítica interessante. Nos pareceu um tanto mística! Chegamos nesta formação já no final da tarde, logo o sol iria se por! Uma névoa fina começava encobrir aqueles morros. A noite seria de lua cheia; concluímos que o luar produziria iluminação perfeita para belas fotos.

Circulamos aquele altar de pedras, buscando bons ângulos para fotografar. Muitos granitos apareciam no meio da capoeira. Voltamos então até nosso bivaque, a fim de pegar mantimentos e fogareiros, para esquentar água e preparar uma janta. Quando retomamos para a trilha, que nos levaria de volta até aquela formação; a noite já havia caído; mas não trouxe escuridão. Era uma noite clara; a neblina ocultava a lua. Agora era uma cerração densa, que sob a luz da lanterna, parecia uma garoa. Parecia que nossos planos; de obter fotos maravilhosas da lua cheia, não iriam se concretizar. A temperatura caiu bastante, resolvemos então preparar a janta e um chá bem quente e energético: hibisco, maçã, limão, gengibre e açúcar mascavo; fizeram a combinação perfeita e deliciosa, para aquecer o corpo, enquanto o Douglas preparava a janta. De repente; a lua apareceu no meio daquela neblina! Discreta; quase invisível; apenas um circulo mais claro no céu.

Aos poucos, o brilho do luar foi aumentando; aquela cerração parecia cada vez mais densa; porém devia estar baixando, pois no céu, a lua brilhou intensamente e algumas estrelas se tornaram visíveis. Ao redor não enxergávamos nada! Nenhuma silhueta de morro era visível Começamos brincar com aquela luz tão diferente, naquele lugar místico. Aquele brilho do luar, com um pouco de ajuda das nossas lanternas, gerou imagens interessantes. Ali permanecemos durante algumas horas; brincando com a luz e com as sombras. Era madrugada quando voltamos para o acampamento.
Com o corpo cansado, pois o dia foi longo, afinal foram mais de doze km percorridos, adormeci rapidamente. A neblina da noite era tão densa que encharcou a vegetação. Eram tantos pingos que caiam das árvores que parecia estar chovendo. O sol custou a brilhar no meio daqueles morros, e na mata fechada. Permaneci em silêncio, no aconchego do meu saco de dormir, escutando aquele barulho de chuva. Percebi que o Douglas já estava circulando por ali. Quando meti a cara para fora da barraca, percebi que o sol brilhava intensamente no céu. Não choveu em momento algum. Aquele seria um lindo dia!
Iniciamos o dia seguindo aquelas marcações de fitas lilás, que havíamos abandonado no dia anterior. Elas nos levaram para um ponto alto, a nordeste daquela cratera, na borda do matagal. Encontramos várias formações graníticas interessantes; tapadas de "línguas de sogra"! As marcações de fitas lilás continuaram sendo um mistério, pois não conseguimos interpretar o código usado nas marcações. Abandonamos, de forma definitiva, as tais fitas. Marquei no GPS a caverna "Cabana". Seguimos o rumo traçado na tela, deveríamos encontrá-la a 736 metros, em linha reta. Não foi tão fácil assim. Desbravamentos são sempre complicados; não foi preciso percorrer muitos metros, logo os perrengues recomeçaram. Mais uma vez fomos vencidos pela vegetação indomável.
O tempo passa rápido demais, precisávamos voltar. O bivaque estava longe, precisava ser desmanchado, além disso teríamos uma dura trilha de retorno, praticamente desconhecida e com muitos perigos, não seria conveniente fazer uma trilha noturna.
Foram dois dias intensos, muito cansativos; mas ao mesmo tempo gratificantes. Aprendemos muita coisa naquele final de semana, agora é refazer nossa agenda, a fim de explorar o que não foi possível. Voltaremos em breve!
Escurece cedo no mato, principalmente quando é rodeado de morros! Quando iniciamos o retorno já estava naquele lusco fusco; a noite nos pegaria no caminho, mas tínhamos a vantagem da lua cheia, que iluminava parcialmente o caminho. Mesmo assim nos perdemos! em algum ponto da trilha bifurcamos para o lado errado. Não foi muito fácil encontrar a trilha certa. O GPS tinha muitos pontos marcados, o que nos salvou, foi fazer navegações curtas, a fim de atingir pontos próximos, que haviam sido marcados alguns meses antes.






Até a próxima minha gente, curtam e ajudem a divulgar nosso blog. Deixem seu comentários e indiquem para os amigos. Comentem sobre o que acharam desta postagem!

Acrescentaria uma informação adicional: desenhar num mapa a jornada cumprida. Mesmo que com inexatidão, daria um esclarecimento interessante!
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